Chico e a poesia

Ainda as dores patibulares,

Chico.

Ainda a ânsia

ainda a insonia, insensatez

ainda o pessimismo,

de ser gauche,

de ser doente

A lua escassa e você a

esperar.

Espera,

aguenta

Chico.

Ainda pulseiras de aços

ainda óculos e tosse

ainda caneta na mesa.

Não cresce o amor

não nasce o perdão

morreu o Adão

dúvidas na criação

dívidas e contramão

beijos em paixão

abraços anoréxicos

lágrimas nem salivas.

Apenas uma mordida

na tua mão metida.

Ainda com pena de ser,

Chico.

De verdade como é.

Ainda a insegurança

a falta de esperança

a solidão escondida

a saudade dividida

entre o coração e a mente.

Ainda o lumbago,

Chico.

O anel cinzento de noivado

guardado com fotografia.

Ainda a sede amarga

de água e sabedoria.

A joia que não se quebra :

Teu verso e a simpatia

de um conceito que nega

todos os males da democracia.

Tua bandeira guardada

debaixo da camisa.

Ainda teu sangue que pulsa

que rege orquestra e guia.

Ainda teu sonho a clamar.

Espera

aquenta

Chico.

Ainda conciliábulos e

pactos.

Mesmo assim,

espera.

Aguenta,

Chico.

Tua sorte não é pequena.

Ainda há borboletas

estrelas em espetáculos.

Cancões a criticar

Sorrisos a implorar

O mundo sem limites.

Teu sentimento existe.

Ainda há

poesia Chico,

ainda há.

Tayla Ferreira
Enviado por Tayla Ferreira em 28/03/2013
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