FALSA INDIFERENÇA
FALSA INDIFERENÇA
Já não se fala de amor!...
Mas, ele existe, fremente, de ternura carente...
Quando os lábios silenciam, os olhos, esquivos, parecem
Divagar... Sombrios, sérios, um tanto indiferentes,
Tentando a alma ocultar!
Já não se fala de amor...
No silêncio das vozes altivas e firmes, a repetir, algumas vezes,
Frases banais, costumeiras, numa conversa ligeira,
Algumas coisas iguais e tantas vezes repetidas,
Pelas pessoas entretidas em conversas banais...
Não se fala de amor!
Esquecidos da vida,
Nessa pressa augusta de viver, no reclamar sofrido da lida,
A labuta diária, cansada, as horas corridas, compridas,
Tentando o tempo vencer...
Os corpos todos, cansados, num delírio, embriagados,
Deixam o sono vencer...
E a mente, qual sentinela,
Rompe o casulo, a libélula, e a alma entra a vogar...
Sofrendo guerra renhida, tanta luta pela vida
Não tendo tempo de amar!
Dentro do escuro da noite, homens e máquinas se apagam.
Ruído, fumaça, loucura, enxameiam pelas ruas
Antes de a corda acabar... Marionetes do mundo,
Por que não vivem a viver?
Por que tentam a vida vencer nessa corrida maluca?...
Onde só podem perder...
Teu horizonte é vazio se não exultas de amor!
Infeliz de ti que, cansado, só tens a noite e seu luto...
Ante teus olhos nublados há tempestades de dúvidas,
Nuvens cinzas de receios a romper nesse conflito
Por um raio não contido, pelas iras atrevidas,
As invejas, os desejos, na ânsia louca de amar!
Por que não falas de amor?
Por que não vibras, não choras?
Por que não cantas, não oras?
Olha a natureza lá fora festiva, alegre, risonha...
Como é vibrante e se enflora enchendo a vida de sonho?!
Um céu imenso estendido à nossa frente nos chama,
A levantarmos a fronte, oferecendo um caminho,
Mostrando-nos os passarinhos, nos ensinando a voar...
A olhar a vida por cima em vez de se rastejar!...
Por que não falar de amor?!
Por que não vivê-lo inteiro?!
Por que não sermos reais?!
O homem ainda é capaz!!!