Talvez
Talvez se o papel fosse mais exigente
Não aceitaria um bilhete mal escrito
Talvez se o silêncio fosse inteligente
Não se deixaria perturbar com o grito.
Talvez se não usássemos coisa pronta
Seríamos criaturas inventoras de nós
Se não permitíssemos além da conta
Seriamos donos da nossa própria voz.
Talvez se disséssemos mais a verdade
A dúvida não existiria ou iria embora
Talvez se déssemos mais valor à idade
Viveríamos mais intensamente o agora.
Talvez as palavras ditas com carinho
Não passam de descarado interesse
Se a rosa fosse ulcerada pelo espinho
Talvez por medo jamais florescesse.
Talvez o gesto na doação de uma flor
Tenha acabado, ou se perdido a esmo!
Talvez a conceito que tínhamos de amor
Nesse exato momento não seja o mesmo.
Uberlândia MG