Abelha e beija-flor
Esse duro exercício da espera,
Com o tempo deixa alma sarada;
Pior quando esperança é quimera,
Encenando vida onde é tapera,
Destino joga com carta marcada...
Já que estou pleno de músculos,
Pois essa malhação me consome;
Desde cedo até no crepúsculo,
Tatuei com caractere maiúsculo,
Na minha pele, o seu terno nome...
Cá estou na faina de mais um dia,
Esperando a música para meu baile;
Enquanto a amada sequer desconfia,
Que agora, tudo o que mais queria,
Que cega de amor, me lesse em Braile...
O tempo e o vento deslocam as dunas,
Sol e chuva tiram o verde do chão;
Experiência consegue formar alunas,
flor brota entre espinhos das tunas,
a alma repensa e diz, por que não?
Claro que o engano, pode convencer,
Quando visão da alma está escura;
O desgosto até se vestir de prazer,
Colibri busca flor quando quer comer,
Abelha o faz, pra fabricar doçura...