A primeira dama

A praia onde descansam os pensamentos,

Está repleta de pára-raios, para raios de sol;

Ambulantes vendem promessas tormentos

E há vários neurônios jogando frescobol...

O espaço entre as duas camas que deito,

É pequeno, mas, ainda assim é um espaço;

Sei que sou fora da lei, ao invadir certo leito,

Acaso, disseram que sou perfeito no que faço?

O carro com motor refeito, on the Road again,

As chaves entregues, pois, a quem de direito,

Se o carro é meu, quem vai dirigir, quem?

Vaticínio disse: a dor tá de partida; dito e feito.

No lado onde sou prefeito, o esquerdo da cama,

Já avisou-me, solidão, minha eficaz secretária,

Que está à porta o pé suave da primeira dama,

Mesmo eficiente, está demitida aquela ordinária...

Para a felicidade, enfim, pelo destino fui eleito,

Destino, que, claro, exibe os traços de Deus;

Quando dois querem o duelo sempre é feito,

E identifico traços perfeitos dos quereres seus...

Se, o potro ventura furtar o siso do meu peito,

E me fizer qual criança que não sabe o que diz;

Será algo circunstancial, dá-se logo, um jeito,

lapsos de um sujeito, destreinado em ser feliz...