O último poema
"Assim eu quereria meu último poema"
(Manuel Bandeira)
Cantei as coisas mais inexatas no início
E cantarei as coisas mais certas no fim.
Cantei as coisas mais complexas no início
E cantarei as coisas mais simples
No fim.
Cantei o imprevisível
No início
E cantarei o esperado
No fim.
Cantei as coisas mais vagas
Do mundo -
Eu quis as coisas mais vagas do mundo
No início.
E cantarei a plenitude
No fim.
Meu primeiro verso
Falou de esperanças.
O meu último verso
Falará de
Realizações.
Escolhi a primeira porta no início
E sairei pela última porta
No fim.
Eu quis o bem do leitor no início
E verei o sorriso do leitor
No fim.
Eu quis conhecer meu último poema
No início -
E sorrir junto a ele.
Eu não quererei conhecer meu último poema
No fim
E chorarei junto a ele
O despedir da vida.
No início e no fim,
A vida vi,
A vida eu vejo,
A vida verei,
A vida perderei.
Porém meus versos sempre abrigarão
A minha vida.
E, nas noites tuas mais difíceis,
Estarei sempre presente -
Sorrindo ao teu lado.
E, nas noites tuas mais felizes,
Esquece-me:
E vive a tua
Felicidade.
Com ela,
terminarei meu último poema:
Felicidade!
Teus olhos se encherão de lágrimas...
Tua face desenhará um sorriso...
Tua face se encherá de lágrimas...
Teus olhos desenharão um sorriso...
Tua face desanhará lágrimas...
Teus olhos se encherão de sorrisos...
Teus olhos desenharão lágrimas...
Tua face se encherá de risos...
E verás várias pedras no caminho
E perderás o mundo...
Pois o mundo será teu...
Meu mundo será teu...
Teu mundo será teu...
Nosso mundo será teu...
E teu riso, leitor,
Será minha última -
E eterna -
Felicidade!
Os cachorros são os seres mais felizes
Pois são os únicos seres que veem,
Em fúteis e míseras latas -
A maior das felicidades!
Felicidade, leitor.
Leitor, felicidade.
Das garrafas, a felicidade.
Das ruas, a felicidade.
Das latas, a felicidade.
Das árvores, a felicidade.
Da luz, a felicidade.
Da vida, a felicidade.
O último poema
E a eterna felicidade.
10/01/2013