OLHE
Olhe a rua vestida de sonhos,
Olhe o sonho enrolado em madeixas
Minha pele queimada da neve
Meus suspiros, meus ais, minhas queixas.
Olhe o foco de luz cor-de-rosa
E o pecado deitado na rua
O meu rosto banhado em lágrimas
E minha alma à procura da tua.
Olhe a neve vestida de noiva
Olhe o vento espalhando fumaça
Anunciando o sinistro progresso,
Aumentando ainda mais a desgraça.
Olhe a vida passando depressa
Olhe o tempo encurtando caminhos
Transformando crianças em velhos
Separando da rosa os espinhos.
– Do livro OLHE. Torres: Triângulo, 2003, p.05.