A PRESSA
Quando percebemos por um instante
que iremos perder alguém importante
a pressa é inevitável.
Corremos, tropeçamos nas pedras,
tropeçamos nas palavras, choramos
e fazemos o impossível para mantermos conosco
Ao ver seu dono em um local fechado
onde para mim é impossível entrar,
o cachorro fica triste.
Mas sua tristeza não gera desânimo
nem muito menos a derrota.
Ele o quer, porque é impossível viver sem ele.
Então ele observa de longe e vê possibilidades
para chegar até seu dono,
mas as fortes e estreitas grades estão ali.
O cachorro espreme-se entre as grades.
Mas como se não bastasse essa dificuldade,
uma menina o impede de entrar.
Eu olho. E para mim, somente para mim
parece impossível.
Para ele é totalmente possível.
Mas o dono diz para ele ficar onde está,
pois ele já está chegando.
O cachorro está com pressa.
Acontece o que eu achei incrível:
Ele se contorce, a menina empurra-o e ele
consegue entrar mesmo com a porta fechada.
Eu fico sorrindo, entretanto, a minha vontade
é de chorar ao ver aquele ser lutando
pelo o que ele acha importante.
Não é uma característica minha ser
apressada. Eu abro exceção quando acho
que irei perder algo ou alguém.
Tento falar, correr e correr, daí eu tropeço
em palavras, em mim mesma e me
acabo de chorar, sem exageros.
No entanto,assim como o cachorro,eu vejo dificuldades.
Porém, isso não me deixa desolada ou arrasada.
Eu enfrento todas as grades estreitas.
A perseverança sim, é uma característica minha.
Não desisto do que realmente é importante.
Para isso tenho pressa, muita pressa.