Alvo Tangível
Ó agonia, de noite ou de dia...
Permita-me a paz, deixe-me descansar, ao menos nas noites...
Quero dormir, quero desligar, permita-me o abster...
Porque ocupas minha mente, minha alma meu respirar...
Queria por algumas horas, parar, deter, simplesmente desligar...
Apenas abster-me de todas as coisas, de tudo que me cerca, de tudo que me toma...
A liberdade, a identidade, a sobriedade...
O tempo continua, eu tangível a tudo, a todos...
Permita-me a imunidade, a muito sou atingido, por tantos...
Permita-me a invisibilidade, a muito sou o alvo de tantos...
Ó agonia dê lugar a alegria, deixa-me em paz...
No mundo dos sonhos sei que não podes me atingir,
No mundo dos sonhos posso ao menos fugir...
Escapar da tua ânsia que me devora, como chama ateada em palha seca...
Viver no que poderia ser talvez...
Em um mundo onde posso escolher seguir ou ficar, sem perdas, sem nada deixar para trás...
Permita-me o descanso, permita-me o revigorar...
Para então ao clarear do dia removê-la do peito, levantar e caminhar...
Não é mais forte a doença que o doente, o doente curar-se á, o parasita necessita de hospedeiro, não o contrário...
Aquele que caminha com as próprias forças, jamais estará impossibilitado.
Esta noite podes parecer forte, invencível, mas como tudo que tem um auge, por um tempo se eleva, mas inevitavelmente cai...
Tua força é minha fraqueza, mas da mesma forma que há em mim teu alimento, há também tua destruição.
Por hoje não terá remédio, é teu auge, é o preço da omissão ou ação impensada...
Mas podes despedir-te de meu interior, não haverá lugar aqui quando o dia clarear, nas ações e atitudes irei te eliminar, nos sentimentos irei te apagar em teu lugar será plantado alegria...
Que de noite ou de dia me faz respirar, me permite mesmo acordado sonhar...