Êxodo.
No blog "Patrícia Porto - Sobre Pétalas e Preces" (pporto.blogspot.com.br)
Êxodo
Nada mais canalha que o verso de gesto escasso:
uma estampa qualquer a mil raios giratórios de distância da alma,
a uma circunferência matemática de ausência ponderada,
metricamente calculada com grosso calibre
para alvejar seres de pequena dimensão.
Por onde andam apontando suas armas?
Agora sei onde não estou. Do ego ao oco, vago...
E lugar nenhum é minha eira.
Não beira, pois quanto mais alto o mirante
mais alto o pathos e a queda.
Nada mais calhorda que a piada estúpida
da bondosa espécie, hipócrita e petrificada,
caindo aos pedaços, caindo aos cadarços,
caindo, caindo - como gotas,
chuvas... Too much... "I'm a poet, and I know it."
Velhas trepadeiras,novas esquinas sonolentas,
nenhuma distopia, somente rotas e bússola nas mãos.
Nenhuma voz de anjo decaído no deserto desse mapa...
Apenas minhas nádegas sentando no sofá da eterna
falta do que dizer, do que fazer,
do que amar, do que entender.
Para onde parto? Para onde o parto?
It´s Soul long...
Palavras e securas, sons de máquinas elétricas
agora são sons de passado estrangulando as esferas.
Está rindo? Então se ria e borre.
Porque que sorte estranha: contar as calorias do jantar
e as novas favas de existência pacífica.
Cortar a grama com essa nova forma de inventar o vivido,
tragando a fumaça de fora e toda droga segura
para encarar cem anos de tortura e lucidez automática.
Prefiro a genética distorcida, as raízes que adoecem de dor,
o último suspiro do amante no ouvido, sem macular.
Prefiro que me surpreenda, me surpre eennddaa
não há ementa que se cure, não há mal que não perdure,
não há estranhos que não digam até a hora final
o que lhe serve melhor de arranjo.
Prefiro a indecência da morte,
toda luxúria sem capa,
minhas tetas na janela colhendo a chuva
sem exercícios de opressão.
Patrícia Porto