depois do horizonte
lençol de cetim,
espera por mim
o beijo da rua
deixou-a mais nua
no farol da barra
o mar não esbarra
da torre suprema
se fez o poema
mugido de jegue,
não há quem sossegue
de um poço profundo
surgiu esse mundo
não toque a ferida
que foi esquecida
se limbo é o lume,
pra quê vagalume?
a pobre rainha
ficou com o que tinha
e o rei não perdeu,
pois nada era seu
na briga de galo
só se ouve estalo
a chuva irriga
e o sol se intriga
mas vem e semeia
enquanto incendeia
não é toda luz
que o cego conduz
mas há uma ponte
depois do horizonte