Felizes, ano novo
Suponhamos, o ano que vem será diferente
E a doçura tomará meu instinto sarcástico;
Que o amor malogrado florirá novamente,
Com cheiro de vida, não flores de plástico...
E todo esse gelo que existe entre a gente,
Será derretido por um fogo fantástico;
Basta uma acha pra que a chapa esquente,
E o inverno já não seja assim, tão drástico;
Que o destino nos vai por frente a frente,
E a solidão romperá de vez seu elástico;
E surpreenderemos a toda essa gente,
Num achego inesperado e bombástico...
Só uma suposição ao cair do crepúsculo,
Fazendo ser alentador o ano que vem;
Uma página sem graça em meu opúsculo,
Que não vai atrair interesse de ninguém;
Sei que pra isso fraqueja o meu músculo,
Na verdade, enfraquece a alma também;
Apesar de sonhar com seu nome maiúsculo,
Recolhe-se assim tímida e não diz a ninguém...
Deixemos assim, mero devaneio poético,
De uma alma amante meio fora do lugar;
Querendo que o sonho se torne profético,
Porque só assim, valeria à pena sonhar;
Coração vaza, pois o vaso não é hermético,
Na verdade quer bem mais, extravasar;
vai que o número treze temor de uns céticos,
para solidão seja o número de seu azar...