Felizes, ano novo

Suponhamos, o ano que vem será diferente

E a doçura tomará meu instinto sarcástico;

Que o amor malogrado florirá novamente,

Com cheiro de vida, não flores de plástico...

E todo esse gelo que existe entre a gente,

Será derretido por um fogo fantástico;

Basta uma acha pra que a chapa esquente,

E o inverno já não seja assim, tão drástico;

Que o destino nos vai por frente a frente,

E a solidão romperá de vez seu elástico;

E surpreenderemos a toda essa gente,

Num achego inesperado e bombástico...

Só uma suposição ao cair do crepúsculo,

Fazendo ser alentador o ano que vem;

Uma página sem graça em meu opúsculo,

Que não vai atrair interesse de ninguém;

Sei que pra isso fraqueja o meu músculo,

Na verdade, enfraquece a alma também;

Apesar de sonhar com seu nome maiúsculo,

Recolhe-se assim tímida e não diz a ninguém...

Deixemos assim, mero devaneio poético,

De uma alma amante meio fora do lugar;

Querendo que o sonho se torne profético,

Porque só assim, valeria à pena sonhar;

Coração vaza, pois o vaso não é hermético,

Na verdade quer bem mais, extravasar;

vai que o número treze temor de uns céticos,

para solidão seja o número de seu azar...

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 24/12/2012
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