Lembranças tardias...
Lembranças tardias ...
Lembranças fosforescentes de um passado distante
Que me reavivam com dores alucinantes
As venturas não mais vividas
Os anelos esmaecidos
Dos sonhos tão destruidos
Dos desejos não mais sentidos...
Vem! Traze contigo as minhas dores
Aflora dos céus meus dissabores
Devolve ao enlevo as tuas flores
Não me perturbes mais com meus amores...
Deixa-os quietos nas ilusões
De retornos inconcebíveis
Das saudades as mais terríveis
Dos desejos incompatíveis...
Ei-los que surgem do nada
Dos sustentáculos imaginários
Dos alicerces debilitados de verdades
Das taperas que nem esfinges
Às mansardas que sobrevivem
Nas aparências desoladoras
Que se embolam frias com suas dores...
Sê, como heras grudadas em velhos muros
Sê, como fagulhas esparsas de fogo em secas palhas
Sê, como os espinhos insustentáveis dilacerando as rosas
Não me escondas as lanças agudas de meu desatino
Não me iludas mais ao leme de meu triste destino...
Deixa-me ao léu ao sabor da águas
Nem que escuras sejam, de frágeis regatos
Mas de venturas insensatas ao redor
Quero, apenas, mesmo de costas
Acenar as despedidas de encardidas ilusões
De me esgueirar nas outroras toscas paixões
Para seguir outra trilha de destino fugaz
Mesmo com a destemperança dos desatinos
Que povoam e envolvem meu destino...
Lembranças das ilhargas soltas de muares rudes
De frenéticos regurgitares, de ímpios temores
Dos vértices ousados não mais multicores
Das verves frementes, mas sem sabores
Dos coquetéis impuros de luxúrias vãs
Dos embalos, dos licores amargos sorvidos sem ditames vís
Das melodias de torpor intenso
Das fragrâncias sem sabor imensas
Mas esparsas de calores de ternuras tensas ...
Myriam Peres