REBELDE
Vou compor a canção
que nada saberei.
Vou cantar um baião
meio obra de rei.
Vou dar maneiro
um rolé na avenida,
pegar a rua de saída
e aparecer no piseiro.
Dançarei na pista
onde faceiro me aviste.
Vou dar uma de humorista,
trucidar a cara mais triste...
— Quanto a ti, nem insistas;
tu que despreveniste:
astuto, o amor vive na lista,
no grifo que não te emociona:
"A felicidade existe."
De felicidade,
posso até morrer
nalgum feriado;
entupido de fome,
num inchaço da soma;
ou bronco, lambuzado,
lúcido anarquista...
— Que não me coma
o remorso, acolá,
na exclusão que te fará
meu sobrenome
de chauvinista:
o teu ex-Criado.