AS CRIANÇAS

As crianças

A criança da faixa de gaza

A criança lá do Vidigal

A criança do apartamento

A criança de rua, de casa e quintal

É a mesma criança de sempre

Tão ingênua e contente

Tão cheia de sonhos

Eu sei, eu sabia, mas hoje já não sei

Porque antes ela usava uma atiradeira

E hoje tem uma arma

Porque ela hoje bate em nós

Ela nos desarma

Usa todos os seus artifícios

Será que isso é um bom sinal ?

Algo natural pra se conviver com o social ?

Eu antes queria ter muitos filhos

Mas agora não mais

Queria pensando numa prole que me desse paz

Mas elas já nascem sabendo,

Já nascem falando

Tomara que nunca venham a nascer xingando

E nos aprisionando como cães sem dono

Em pleno abandono

E além do mais que a longevidade está aumentando

Você já pensou mais velhos que crianças na mesma dança da vida a girar

Tontos muitos vão ficar

E além do mais onde estará a esperança?

Crianças sempre crianças, mas não tão tolas

A iludir e se proteger com seus segredos

Dá medo essa evolução ou será uma involução?

Mas é a vida e é bonita como diz Gonzaguinha filho de Gonzagão

No entanto sem responsabilidades como posso curtir

Esta canção antiga que eu antes cantava

Nos bares onde antes eu bebia

Com a rapaziada

Que hoje de cabelos brancos contemplam seus netos

Se as crianças de hoje não são parecidas

Como as de antes, as de outras vidas

Será que são as mesmas crianças

Trajando outros corpos em trança

Cobrando de nós uma maior aliança?

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 14/11/2012
Reeditado em 14/11/2012
Código do texto: T3985931
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