quão doces podem ser as criancinhas
- só usava aquela camisa
claro que não eram as mesmas
eram várias, só que todas do mesmo tipo
algodão ou outro tecido qualquer
mangas curtas, sem botões na gola
na gola talvez aquelas hastes
de plástico branco pra compor as pontas
devia ir à missa com elas,
à feira, à padaria, jogar com bola de meia
ao jockey, onde quase nunca perdia
tal como aquele filme
sempre do mesmo tipo e estrutura
quase sempre em p&b
poucos diálogos,
duas ou três tomadas externas
o resto, só interiores
e quase sempre louvores
aplausos tão merecidos
ou mesmo aqueles poemas
sempre todos muito curtos
alto poder de concisão
às vezes um pouco herméticos
às vezes, não
mas sempre micro-poemas
hais kais ou que tais
todos sempre excelentes
inteligência invejada
pra quem vive da arquibancada
- por isso eles são conhecidos
e todos gostam
ao contrário do que se dá com você
que quase ninguém vê ou lê
além de poucos gostarem
exceto eu
você só tem a mim, Idi Amim Dada
- ainda bem! Então:
“vinde a mim as criancinhas”,
que estou do lado de cá
Rio, 12/07/2006