CARMINA BURANA*


Fortuna  é coisa cifrada,

Variável, rara e querida
É objeto, muito desejado,

É roda insegura da vida...

É fortuna a verdadeira luz

Nobre parte de teus bens...
Riqueza que na alma reluz
É espiritual e te convém...

Se o teu statu variabilis for

Velut Luna, é tua riqueza!
Batalha, verdadeiro amor,
Do ser provimento, beleza!

 

 

Excerto do Poema “ CARMINA BURANA”.


Este poema foi inspirado na Ópera Carmina Burana, Roda da Fortuna- Arcano X do Tarot. Exprime o significado dual da fortuna, que é triunfo e derrota dualidade conflitiva irreconciliável presente na vida do ser humano. A riqueza tenta a natureza humana, ao desafio do jogo do poder.Esta composição de Carl Orff (1895-1982) é diferente da ópera, na forma genérica. Pois não tem enredo e não é encenada nos moldes tradicionais. É uma ruptura, que traz uma originalidade na música. A antologia, Carmina Burana re-significa todo o contexto do mundo cristão entre os séculos XI e XII. Os textos escolhidos para esta cantata secular foram descobertos em 1803 em um velho mosteiro beneditino da Baviera, em Benediktbeuren, no sudoeste da Alemanha. Este manuscrito abrange todos os gêneros, de versificação erudita à paródias de textos sacros, incluindo canções de amor e melodias irreverentes. Orff, nesta sua obra, pode estar revelando um conjunto de signos considerando que só o Desejo e o Amor podem capacitar o homem a viver, lutar e crer.Todo um cosmo onde o bem não existe sem o mal, o sacro sem o profano e a fé sem maldições e dúvidas: a oscilação onde se encontra a grandeza da humanidade. Este realce está carregado de um dualismo freudiano, o qual, na linha lacaniana, proporcionou uma releitura deste humanismo medieval até então considerado bárbaro e cruel. Chama atenção a uma vitalidade que permitiu ao homem sobreviver ao sofrimento da guerra, pragas, injustiças, instabilidades. Um mundo mantido na ignorância de tudo que não fosse sacralizado pelo dogma.Esta Cantata ao exibir signos da antigüidade como o conceito da Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte, coloca-se como parábola da vida humana exposta a constante mudança. Uma melodia profana e ao mesmo tempo uma profissão de fé. Houve um embasamento perfeito entre a obra e o método de Orff. Conservou-se o cenário idealizado das produções medievais assim como o endereço do homem contemporâneo, que revestido de toda modernidade ainda conserva instintos primitivos mesmo andando em carros de luxo, usando tênis de marca e trabalhando em modernos arranha-céus... 



 
Ibernise.
Indiara (GO), 04.02.2007.
Poema e excerto Inéditos nesta data.
* Núcleo Temático Educativo.

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Ibernise
Enviado por Ibernise em 28/02/2007
Reeditado em 03/02/2009
Código do texto: T396678
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