OS REBENTOS DO PLÁTANO

Quando teu tronco serraram,

Fiquei triste e pesarosa.

Com os olhos rasos de água,

Disse-te adeus, desgostosa.

Porque tinhas muita idade,

Meu plátano majestoso?!

Abateu-te um grupo hostil,

Terminante, impiedoso.

A ninguém aproveitou

Tua queda programada.

A árvore morre de pé,

Só depois será cortada.

Tuas folhas me encantavam

Ao chegar da primavera.

E tarde caíam secas,

Na estação mais severa.

Restou teu tronco ferido

Unido à raiz imensa.

Mataram-te, meu amigo,

Mas impões tua presença.

Ao caírem os teus ramos

Na terra que os viu crescer,

Encheram-na de sementes,

Que não quiseram morrer.

A prova é bem evidente.

Os rebentos já lá estão,

Com abundante folhagem.

Só que brotaram do chão!

Maria da Fonseca
Enviado por Maria da Fonseca em 28/02/2007
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