DEIXAR DE SER O NADA 
Ysolda Cabral
 
  
Hoje estou fardo de mim.
Um fardo tão pesado
Que me sinto assim:
Capenga e mal acabada,
Com vontade de sumir.
 
Que vida mais sem graça!
O desencontro sempre me acha!
Vale a pena viver assim?
 
Vou embora e vou agora.
Para onde eu não sei.
Ah, saudade senhora,
Em ti não reparei!
 
Que vida desgraçada!
Uma hora é alegria,
Outra é tristeza que mata!
 
De desgraça já chega!
Já basta!
 
Vou embora de você,
Que nunca gostou de mim,
E nunca soube me ter.
 
Vou me fazer outra vez bonita,
Sorriso escondendo lágrima.
Botar o pé na estrada
E deixar de ser  o nada.