À PROVA

Não há sede, nem água pra tomar

Não há nenhuma porta aberta

Nem desejo de entrar

Sou como aquela solteira triste

Que não ama, nem quer flertar.

Às vezes o passado remói,

Às vezes o peito aperta.

E quando aquela ferida dói,

Fecho minha alma, e deixo a janela aberta.

Não há sentido em forçar a barra

Nem fingir que é carnaval

E ser um fantoche fazendo farra

O mundo é vago, mas é normal.

Pra que juntar os cacos e reinventar?

Pra que ligar o rádio, escutar o que já ouvi

Nada com isto vai mudar

A mensagem é clara, mas não entendi.

Sangra muito mais uma ferida

Enquanto ignoro a dor que ela causa

Brindo com mais uma bebida

As vezes a dor faz uma pausa.

O que tem de promissora na nova manhã?

Por que não posso fazer aquilo?

Por quê não comer a maçã?

Não tenho luz, eu não cintilo.

Não tenho fã.

Sem fome, o estomago se cala

Sem nada a dizer a boca não fala

Sem visitas contemplo a sala

Como quem não vai a lugar algum, e faz a mala.

Então o que tem do outro lado do relógio?

É uma coisa realmente nova?

Ou só mais um plágio?

Pra ser testado, tenho que ser colocado a prova.

André Cabral Costa

14/10/2012