.:. E se não for preciso... .:.

.:.

O meu depois é somente agora.

Não jogue a vida janela afora,

deixando tudo para um depois...

Os medos, quando vividos a dois,

embora pareçam sussurros inauditos,

são revelações grotescas e desmedidas

que se escondem na constante partida.

Precisamos ouvir nossos gritos?

E se não for preciso sofrer?

E se não for preciso abdicar?

A vida é deveras dolorida...

E a morte, sempre, última guarida.

E se não fosse preciso lutar?

E se não fosse preciso amar?

A vida seria um tédio e desrenhida,

Imperando o pleno desamor.

Tempo – maldito ou bendito elemento?

Seria mais um dissabor da existência?

A vida é feita de lutas e de paciência...

E por mais que doa, tente, tente sempre!

Antes de fugir da aflição que você sente,

Reverbere para você mesmo: aguento!

E as cortinas da angústia, pesadas e frias,

Serão o cobertor, pano de fundo dos elogios.

E se não for preciso tanta correria?

E se a vida for um suave pendular?

Queria andar lentamente e observar as flores...

Tocar cada uma delas e me seduzir, sim!

E se não fosse preciso dizer um ‘não’ mentiroso?

E se não fosse preciso fugir do espelho?

Que maravilha uma vida de mansidão real.

Preciso trocar as lentes – o espelho quebrou.

Crato-CE, 22 de agosto de 2008.

09h18min

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 29/09/2012
Código do texto: T3907820
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