.:. E se não for preciso... .:.
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O meu depois é somente agora.
Não jogue a vida janela afora,
deixando tudo para um depois...
Os medos, quando vividos a dois,
embora pareçam sussurros inauditos,
são revelações grotescas e desmedidas
que se escondem na constante partida.
Precisamos ouvir nossos gritos?
E se não for preciso sofrer?
E se não for preciso abdicar?
A vida é deveras dolorida...
E a morte, sempre, última guarida.
E se não fosse preciso lutar?
E se não fosse preciso amar?
A vida seria um tédio e desrenhida,
Imperando o pleno desamor.
Tempo – maldito ou bendito elemento?
Seria mais um dissabor da existência?
A vida é feita de lutas e de paciência...
E por mais que doa, tente, tente sempre!
Antes de fugir da aflição que você sente,
Reverbere para você mesmo: aguento!
E as cortinas da angústia, pesadas e frias,
Serão o cobertor, pano de fundo dos elogios.
E se não for preciso tanta correria?
E se a vida for um suave pendular?
Queria andar lentamente e observar as flores...
Tocar cada uma delas e me seduzir, sim!
E se não fosse preciso dizer um ‘não’ mentiroso?
E se não fosse preciso fugir do espelho?
Que maravilha uma vida de mansidão real.
Preciso trocar as lentes – o espelho quebrou.
Crato-CE, 22 de agosto de 2008.
09h18min