EVOÉ, BACO!
Proclamo alto e bom som,
calcado em vivência minha,
tendo um ditado por mote:
tristeza é coisa daninha
que não salda a dolorosa
e não evita o calote.
Há senso em contar espinhos
se a essência está na rosa?
Sem esperanças, sem sonhos,
o homem é só um macaco!
Evoé, Baco!
Por isso, sou compassivo
com quem, às vezes, descamba
pra um furioso ditirambo
e dança o que bem lhe pareça,
o samba, o frevo, a rumba, o mambo,
até perder a cabeça,
até ficar um bagaço,
até virar um molambo!
A curtir melancolia,
antes cair na folia,
ir de roldão na fuzarca,
entrar no balacobaco!
Evoé, Baco!
Que o mundo seja um moinho,
seja uma instável gangorra!
O certo é tirar proveito
do tempo que nos foi dado!
Albergar mágoas no peito
só faz com que a gente morra
antes do dia aprazado!
Melhor fugir à tristeza
e gastar-se na alegria
até o estágio de caco!
Evoé, Baco!
Tudo passa, nesta vida!
É noção mais que batida!
Nem a dor, nem ela é nossa,
a dor, decerto, é da Hora!
Ela estanca no caminho
quando a gente vai-se embora!
Às vezes, bem antes disso:
tive dores descartáveis
que sofri e joguei fora!
Não vale a pena, portanto,
encafuar-se num canto...
Saia logo do buraco!
Da tristeza, aguente a prova,
da alegria, arranque um naco!
Evoé, Baco!