EVOÉ, BACO!

Proclamo alto e bom som,

calcado em vivência minha,

tendo um ditado por mote:

tristeza é coisa daninha

que não salda a dolorosa

e não evita o calote.

Há senso em contar espinhos

se a essência está na rosa?

Sem esperanças, sem sonhos,

o homem é só um macaco!

Evoé, Baco!

Por isso, sou compassivo

com quem, às vezes, descamba

pra um furioso ditirambo

e dança o que bem lhe pareça,

o samba, o frevo, a rumba, o mambo,

até perder a cabeça,

até ficar um bagaço,

até virar um molambo!

A curtir melancolia,

antes cair na folia,

ir de roldão na fuzarca,

entrar no balacobaco!

Evoé, Baco!

Que o mundo seja um moinho,

seja uma instável gangorra!

O certo é tirar proveito

do tempo que nos foi dado!

Albergar mágoas no peito

só faz com que a gente morra

antes do dia aprazado!

Melhor fugir à tristeza

e gastar-se na alegria

até o estágio de caco!

Evoé, Baco!

Tudo passa, nesta vida!

É noção mais que batida!

Nem a dor, nem ela é nossa,

a dor, decerto, é da Hora!

Ela estanca no caminho

quando a gente vai-se embora!

Às vezes, bem antes disso:

tive dores descartáveis

que sofri e joguei fora!

Não vale a pena, portanto,

encafuar-se num canto...

Saia logo do buraco!

Da tristeza, aguente a prova,

da alegria, arranque um naco!

Evoé, Baco!

Oscar Baptista Guerra
Enviado por Lina Baptista em 18/09/2012
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