CORRENTEZAS

Despenco do meu amargor,

mergulho nas correntezas

das desconhecidas certezas,

com raiva desfiz as marcas da dor,

apagando o vermelho dos batons,

refiz o ritmo da vida,

dedilhando novos tons;

Eu vi

que os sonhos que me circundaram

perderam-se, rodopiaram por aí,

mas agora eu só queria saber,

que visão é esta,

qual olho mágico

espreita, ronda em festa

à frente do meu portão,

será reflexo nu, ou aviso trágico,

ou novamente o limiar da mera ilusão;

Despenco do meu amargor,

mas sinto o coração ainda acorrentado,

por invisíveis elos, que proferem

o não a um novo amor,

assim vou nadando contra as correntezas

neste rio de incertezas,

em busca das desconhecidas certezas.

Andrade Jorge

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