Da minha janela

Houve um tempo em que da minha janela eu avistava várias crianças, que numa rua sem saída brincavam com carrinho de rolimã, não era uma corrida, como se dizia, era uma espécie de disputa para ver quem era o melhor; Das várias vezes que desciam a rua parecia uma festa, todo mundo correndo, mas derrepente um caia, o outro derrubava o amigo, havia choros e risos, tristezas e alegrias mas somente motivo de alegria e eu olhava tudo aquilo e meu coração se sentia feliz.

Houve um tempo que eu via da minha janela a chuva que caía, às vezes passava uma pessoa correndo toda molhada, outras vezes crianças brincavam na chuva; as águas desciam a rua traziam consigo latas barulhentas, galhos de arvores, caixas de papelão tombando de um lado para outro, as arvores e as plantas se agitavam de um lado para outro, as rosas se abriam em botão, não parecia uma coisa natural elas se abrirem, parecia que as rosas recebiam presentes dos céus e elas a pareciam felizes; os bueiros se enchiam e as águas se espalhavam na rua, eu olhava tudo aquilo e meu coração se sentia feliz.

Houve outro tempo em que da mesma janela eu via um mundo bonito, só por ser criança, via um mundo cheio de pessoas saindo para o trabalho, crianças que com suas mães iam para a escola, crianças que na rua ao lado brincavam de queimada, a bola às vezes caia na casa de alguém, às vezes descia a rua abaixo parando perto da avenida. Pombas que voavam correndo das crianças que queriam pegá-las e eu olhava tudo aquilo e meu coração se sentia feliz.

E hoje, quando eu abro a janela, não consigo mais ver essas coisas, alguns dizem que eu não sei olhar, outros que não existem mesmo, mas acho que é preciso mesmo ser somente uma criança para poder ver o mundo do lado alegre.

Domingos Richieri
Enviado por Domingos Richieri em 10/08/2012
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