e que o céu ainda é lar.
a aurora que antes era grito,
de vigília, decidiu correr,
e no céu apareceu em dois riscos,
por cinco minutos
ah, veja!
um rasgo no azul, uma cruz,
uma ferida,
um sinal de luz
em cima que já não era mais teto,
que já não era mais esperança ou
topo de montanha,
caiu um pedaço pequeno
quase invisível
de noite
e por cinco minutos
a Terra pôde presenciar
a Verdade
o coração sangrento que antes era
início de calor agora é
cicatriz de um ocaso
por trás de um véu ameixa,
a cor do fruto das dores,
dos hematomas,
de terríveis olheiras,
existia um lindo precipício
que chamamos de ausência
dentro de um aviso celeste,
por cinco minutos,
coube uma fotografia que explicava
a eternidade
que debaixo dos olhos
há muito mais que sonhos
e déjà vu
que debaixo da cama
há muito mais que monstros
e poeira
pelo céu de riscos laranjas,
por somente cinco minutos,
nós sabemos quem realmente somos
e que o céu ainda é lar.