TRANSEUNTE
TRANSEUNTE
sou caminhante.
ainda me lembro
o gosto da poeira digerida...
não reclamei!
Omito a qualidade
Que a cidade em seu colo
Faz-me respirar...
na ponta da língua
passei no crivo
os desejos, os poucos...
deu-me os deuses
a sorte de reconhecer...
assim num céu obscuro
igual ao caminho
assaltado de pó
posso ver o diamante
lapidado de sol
escorrendo sobre
a pele da flor...
o choro manhoso
da criança, a alegria
a luz de um sorriso...
por razões como estas
é que desumanamente
submeto meu corpo
a escravidão, mordaça
e algemo minha alma
a esta chama curta;
a existência.