submissa
interessante este prazer que me dá
procurar o que escrever
e não ter o que falar
não ouvir minha voz
esperar que o que escrevo
possa valer por nós
nós duas submissas
como o verde da hortaliça
à uma frase ou um texto
como o mato é o pretexto
pra que eu acredite no mundo
um conto cujo desfecho
eu não consiga encontrar
nas minhas horas perdidas
busco nas ondas do mar
a frase que o barco leva
o romance impossível
o homem que achei que eu queria
a santa que amei de fato
sempre comigo na cama
nas horas de tanta aflição
procuro o que escrever
pra não morrer de inanição