Poesia parida

Eu sinto essa dor

O parto difícil

Do filho que não pode esperar mais

Abro a janela

Dou de cara com o concreto

O horizonte interrompido

Enquanto eu dormia...

Sinto-me naufragado nesse mundo seco

A boca cheia de terra árida...

e sangue.

Sou deste mundo

Sou este mundo

É nele que meu filho se inquieta...

Algo me dói...

Queima dentro,

Corrói

Força a saída...

Punge.

Não fugi à luta

Abraço o concreto

Massacrado, subjugado

Cheio...

Não sou o único que está só

A humanidade inteira é solidão

Os dias parecem cair como bombas

Abalando nossos precários alicerces

Algo subverte a ordem

Um girassol brota nas frestas do asfalto escaldante

A ele vejo da minha janela

Nele sorri meu horizonte,

Meu filho nasce...

A dor morre no meu silêncio.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 22/06/2012
Reeditado em 23/12/2021
Código do texto: T3738039
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