O Pássaro

Sonhava em ser feliz.

Invejava o canto dos passarinhos,

Pois o que sempre quis

Foi voar e cantar afinadinho.

Mas as grades sempre em volta

Nunca deixaram suas asas baterem.

E o sentimento de medo e revolta

Nunca deixou os outros crescerem.

Assim foi, durante muito tempo,

Um passarinho frágil e acinzentado,

Com um grande vazio por dentro

E por fora passivo e calado.

Quando tentava, às vezes, cantar,

Era abafado por grasnos violentos.

Nunca tentou, de fato, voar

Devido ao peso do sofrimento.

No primeiro dia da primavera

Viu uma rosa um botão.

E pensou: “Ai, quem me dera

cantar à ela uma canção”.

Tomou coragem e tentou, enfim,

Fazer sair umas notas em bemol

Em homenagem ao carmim

Da rosa e ao dourado do sol.

Então teve uma surpresa linda:

As grades começaram a se mover.

Sua cadeia estava finda!

E grasnador algum podia ver.

O que ouviu foi ainda melhor:

Um outro canto se aproximando.

Um canto alegre, em ré maior

Que seu coração foi alegrando.

O que chegou lhe ofertou a mão,

Onde subiu, hesitante.

Sentiu bater mais forte seu coração.

Morreria feliz naquele instante.

A canção lhe falou em alto tom

Que precisava aprender a voar.

Temeroso, mas embalado pelo som

As asas começou a agitar...

E voou.

William G. Sampaio [22/5/2012]

William G Gardel
Enviado por William G Gardel em 22/05/2012
Código do texto: T3681950
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