SEM RIMA 106.- S.O.S. Galiza!!!

A Galiza, no norte de Portugal

e inclusa no reino bourbónico de "España",

celebra (é um falar) amanhã, 17 de maio,

o DIA DAS LETRAS GALEGAS.

Celebração discutida:

"letras", mas que letras? Todas

as do alfabeto da língua comum

ou apenas as letras que não conflituam

o "alfabeto fonético nacional" do reino bourbónico?

(Sei que este poema, recantistas amáveis

e inteligentes, é quase intragável para vós,

que - desculpai - quase nem sabeis onde anda

a Galiza - "española" - lusófona e mãe da Lusofonia.

Mas, desde a Galiza e em honra dos Galegos,

devo dizer o que estou a dizer entre báguas*).

Os galegos "bons e generosos"**

continuam a sentir-se lusófonos, tanto

como galegos. Mas o reino de "España" empeça-lho:

obriga, no currículo escolar, a ensinar (e não aprender)

um linguajar misto de "galego" nem rural sequer

e de castelhano também não muito correto.

Por exemplo, obriga a escrever "xente" para não

conflituar com o castelhano "gente". Ignoram (?)

os "normativizadores" espanhóis desse seu "galego"

que "gente", assim grafado, é palavra italiana

e castelhana e portuguesa (quer dizer galega),

ainda que as pronúncias difiram. Mas...

O reino da bourbonia (cujo rei mata elefantes

na África) impõe aos galegos escrever "avogado",

porque dessarte o "galego" fica no meio e meio

do castelhano "abogado" e do português "advogado":

Não acham "engraçadas" essas argalhadas***... políticas,

contraditórias dos preceitos das Ciências da Linguagem?

Mais, muito mais poderia poetar "sem rima", mas fique

aqui o meu S.O.S. GALIZA, a minha invocação

à solidariedade lusófona com a Galiza.

(Continuemos!)

........

(*) "bágua" s. f. Líquido segregado pola glândula lacrimal, o mesmo que lágrima.

s. f. pl. Choro, pranto.

fig. "arrincar báguas": comover profundamente.

fig. "báguas de sangue": grandes dificuldades ou pesares: custou-lhe báguas de sangue ter para os filhos.

"báguas de crocodilo": lágrimas fingidas.

s. f. pl. Bot. "báguas de Sam Pedro": planta gramínea.

(**) "bons e generosos" é expressão tomada do Hino da Galiza, letra do poeta Eduardo Pondal e música do mestre Pascoal Veiga.

(***) "argalhada" s. f. (1) Acto ou efeito de argalhar. (2) Embuste, engano, trapaçaria.