A Morte me respeita!
Intimamente eu tenho me detestado
com um tipo de ódio bem destacado
para que todos em volta possam ver
como é feito o inverno da primavera
e um assassino do que bem antes era
a monera sem as complicações do ser
Eu tenho chorado muitas mágoas
nem todas expressas nessas águas
dos mares bravios com essa chuva
tenho sufocado minhas duas mãos
com essas tais memórias, que vão
se adequando ao corpo como luva
Eu sou bem saudável, mas meu corpo pensa
já sofrer de algum tipo incurável de doença
quando deita-se na sua cama para ir dormir
e como sou hipocondríaco desde bem jovem
penso ser a noite última, eu não durmo bem
pensando “adoeçi, morrerei, já é hora de ir”
Quando comfortavelmente me deito
sempre de repente, pego algum jeito
de me lembrar do que a carne é feita
eis que vem minha Morte derradeira
e que tem assombrado a casa inteira,
mas que chega até aqui e me respeita!