ALMAS CÚMPLICES
A espera foi como um verão,
um longo verão
sem tempo definido.
Havia sempre uma brisa leve
onde meus sonhos livres
voavam desesperados em tua busca.
Havia sempre o entardecer
e nos desenhos das nuvens no ocaso
tentava, aflito e ansioso,
descobrir as formas do teu corpo.
Havia sempre um céu estrelado
e, mirando as constelações,
varei longas madrugadas
em busca dos teus olhos.
A espera foi como um verão,
um longo verão
sem tempo definido.
Os nossos raros encontros,
embora intensos, ternos e plenos,
foram breves,
muito breves como os dias de inverno,
mas marcaram profundamente as nossas almas.
Quando novamente juntos veremos a primavera
encher a natureza com os seus odores
e colheremos flores nos campos?
Quando novamente juntos ouviremos o cantar dos pássaros,
ao cair das noites ou ao raiar das radiosas manhãs,
no mágico e sublime bailado do acasalamento?
A espera é como um verão
onde nossas almas cúmplices,
como adolescentes,
queimam sob o calor desse amor impossível,
dessa paixão inexplicável,
que, se nos machuca,
também nos ajuda a viver e a esperar....