PENA DE ÍCARO
Pena de Ícaro.
Ele cansou!
De viver uma vida morna.
De engolir no café da manhã, as mentiras.
Ele cansou!
Dos abraços plastificados.
Das máscaras que adornavam seu rosto!
Ele cansou!
Dos sorrisos tão disfarçados
Dessa angústia que é esperar!
Ele cansou!
De ser gelo e não ser água!
Escorrendo num rio que não vai desaguar...
Borboletras o incomodaram.
E na ânsia de desejar
Ele amou o seu espelho!
E as máscaras?
Adoravam o seu rosto!
Vivia sempre tão disposto, tão certinho!
Tão santinho!
Mas a vida não é só uma?
E o espelho não alcança de fora pra dentro.
Ele parou!
De justificar as horas passadas.
E passou a ser mais presente.
Na própria vida!
Cansou de caminhar pelos olhares alheios
Sempre tão destruído e incapaz.
Ele se libertou!
Das algemas, dos grilhões, das correntes!
Do seu sim tão negativo!
Ele tentou!
Ser humano...
Ser sem destino!
Ser adulto...
ser menino!
Ele morreu!
Ele desbravou!
Mares jamais navegados
Viveu como anjo e não como tinta!
Ele encontrou!
Um pouco do que restou do inteiro compartilhado!
Já não opta mais por esse ou outro lado da vida!
Me pareceu
Que tudo estava tão definido que não pudesse...
Mudar?
Me pareceu que ele cansou jogar
A vida é um jogo de cartas marcadas?
E qual é o baralho? De quem é?
Sempre tão qualquer coisa, ele não é mais!
Sempre tão obediente, ele não é mais!
Sempre tão sem coragem, ele não é mais!
Sempre tão descrente, ele não é, mas!
Das próprias cinzas
Ele ressurgiu
Dos próprios cacos
Seu espelho erigiu!
Dos próprios passos
Sua estrada ele construiu
Dos próprios erros
Das próprias, curvas, dos próprios traços..
Nos seus vôos de Ícaro
Ele aprendeu!
Os seus medos um dia?
Os enfrentaram!
Sempre tão qualquer coisa, ele não é mais!
Sempre tão obediente, ele não é mais!
Sempre tão sem coragem, ele não é mais!
Sempre tão descrente, ele não é, mas!
Ele all cansou suas metas
Ele all cansou do que lhe fazia mal!
O chão não lhe prende mais.
O céu já não é pra cima!
2012 de algum Maio enquanto eu olhava um corpo coberto de penas caído no chão. Ele levantou. =]