ÂNCORA PERDIDA

Partiu a Esperança Velida

Com um cravo na lapela

Mas anda de âncora perdida

No meio desta procela.

Saiu pela madrugada

De sonhos enriquecida

Buscando ‘strela encantada

P’ los sete mares da vida.

A Esperança ouviu dizer

Que tudo seriam delícias

Viu depois a acontecer

Belas promessas fictícias.

Saúde e pão, onde estão?

Escola e lazer, quem os viu?

O trabalho é uma ilusão

E o dinheiro sucumbiu.

O cravo que foi seu lema

Perdeu aroma e murchou

A Esp’ rança virou dilema

Que a liberdade acabou…

Porfia agora à procura

De uma âncora e um abrigo,

Mas para sua amargura

Não viu sorte, viu castigo.

Sendo assim, sem timoneiro,

Sem piloto e sem arrais,

Anda perdida por inteiro

Em sargaços e lodaçais.

Ó Esperança entristecida

Onde estão os teus alvores

Sursum corda, ó Velida,

Na paixão dos teus amores.

És a amazona mais bela

Que a Vida podia ter

Abre agora uma janela

P’ ra teu sonho renascer!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 25/04/2012
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