ÂNCORA PERDIDA
Partiu a Esperança Velida
Com um cravo na lapela
Mas anda de âncora perdida
No meio desta procela.
Saiu pela madrugada
De sonhos enriquecida
Buscando ‘strela encantada
P’ los sete mares da vida.
A Esperança ouviu dizer
Que tudo seriam delícias
Viu depois a acontecer
Belas promessas fictícias.
Saúde e pão, onde estão?
Escola e lazer, quem os viu?
O trabalho é uma ilusão
E o dinheiro sucumbiu.
O cravo que foi seu lema
Perdeu aroma e murchou
A Esp’ rança virou dilema
Que a liberdade acabou…
Porfia agora à procura
De uma âncora e um abrigo,
Mas para sua amargura
Não viu sorte, viu castigo.
Sendo assim, sem timoneiro,
Sem piloto e sem arrais,
Anda perdida por inteiro
Em sargaços e lodaçais.
Ó Esperança entristecida
Onde estão os teus alvores
Sursum corda, ó Velida,
Na paixão dos teus amores.
És a amazona mais bela
Que a Vida podia ter
Abre agora uma janela
P’ ra teu sonho renascer!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA