JANELA ABERTA

Não pretendo usurpar asas alheias

nem tão pouco a prata de um sorriso.

Nem violar as matas de castos olhos

e nem macular o lhano onde coabito.

Quero janelas abertas onde o límpido dorme,

a tênue linha que o horizonte não define,

o mel que lacrimeja da órbita do mundo,

os nutrientes que abasta os sentidos.

Não quero o sono, nem o sonho

nem o tempo, nem o espaço previsível.

Só desejo despertar o epiciclo adormecido

e fazer os meus passos de aços visíveis.

Não necessito de colheita em abundância

nem de ingerir doses letais de silenciosas palavras.

Só desejo o hertz do fruto esperança,

apenas a frequência cíclica das minhas lavas.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 02/04/2012
Reeditado em 02/04/2012
Código do texto: T3590853
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