Para seguir Viagem.

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Longe da crosta que o oprime,

segue de malas prontas e vazias.

Longe da onda que ressaca a alma,

longe do engodo do dever cumprido,

longe de tudo que o aprisiona.

Dentro, de dentro da própria liberdade,

feito um pássaro recém acordado,

descoberto desperto, atento, viaja...

Asas recuperadas abrem-se ao mundo...

A vista imensa e a colina aparecem.

Pedem a passagem:

passaragem de gente.

Será que algum anjo milagreiro e clandestino

encontrou suas respostas ou entendeu suas promessas?

Sem mapas, corre oceanos,

ergue-se lentamente do breu,

e segue a andar pela primeira e última vez

sobre as águas de sua origem.

Mornas águas, na arrebentação das verdades em pedras,

mata agora a sua sede de ser,

ser de outro o espelho,

ser de outra maneira o gérmen,

margeando, germinando

na visão de um menino

o acabado de nascer: o gen.

Do mal o seu contrário urgente,

de esquecido na mata entre lobos, o perdido,

achado então divino e desumanizado,

ressuscitado de tudo. Sem inscrições.

Sem pele que seja a morta.

De repente uma alegria,

uma desconhecida paz,

um arremedo de coragem

e a dádiva: a existência!

Quando lá mirou ao fundo

e encontrou o que o faz se sentir vivo,

esplêndido, viajante,

loucamente livre -

num vôo ao pleno - ,

para seguir viagens

não habitáveis...

Patrícia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 30/03/2012
Reeditado em 30/03/2012
Código do texto: T3585606
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