Para seguir Viagem.
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Longe da crosta que o oprime,
segue de malas prontas e vazias.
Longe da onda que ressaca a alma,
longe do engodo do dever cumprido,
longe de tudo que o aprisiona.
Dentro, de dentro da própria liberdade,
feito um pássaro recém acordado,
descoberto desperto, atento, viaja...
Asas recuperadas abrem-se ao mundo...
A vista imensa e a colina aparecem.
Pedem a passagem:
passaragem de gente.
Será que algum anjo milagreiro e clandestino
encontrou suas respostas ou entendeu suas promessas?
Sem mapas, corre oceanos,
ergue-se lentamente do breu,
e segue a andar pela primeira e última vez
sobre as águas de sua origem.
Mornas águas, na arrebentação das verdades em pedras,
mata agora a sua sede de ser,
ser de outro o espelho,
ser de outra maneira o gérmen,
margeando, germinando
na visão de um menino
o acabado de nascer: o gen.
Do mal o seu contrário urgente,
de esquecido na mata entre lobos, o perdido,
achado então divino e desumanizado,
ressuscitado de tudo. Sem inscrições.
Sem pele que seja a morta.
De repente uma alegria,
uma desconhecida paz,
um arremedo de coragem
e a dádiva: a existência!
Quando lá mirou ao fundo
e encontrou o que o faz se sentir vivo,
esplêndido, viajante,
loucamente livre -
num vôo ao pleno - ,
para seguir viagens
não habitáveis...
Patrícia Porto