MARCAS DO TEMPO
Aquela magia dos sonhos
Aquele toque romântico
Aquela fé que eu sentia
Aquele vigor d’esperança
Sinto derramarem-se de mim
Deixando enorme vazio
Qual balde d’água entornando
Sinto uma leveza estranha em mim
Toda ilusão em nada vai se tornando.
Meus órgãos são câmeras sensitivas
Minha mente processa gosto, som e odor,
Alterando, a toda hora, o meu humor.
Processa também textura e imagem
Que, às vezes, penso ser miragem.
Minha memória trabalha,
Dia e noite, com dados imponderáveis,
Sem nunca chegar a resultados confiáveis.
Do que digo, não conclua
Meu desgosto ante a vida
Nem me veja pior ou melhor.
Já me deparei com pessoas
Que “a priori” sabem de tudo
São escravas do senso-comum
Com “velhas opiniões formadas sobre tudo”
Revelam-se pela hipocrisia
Pela ingenuidade e pela arrogância.
No mais, nunca senti.
Tanta vontade de viver
Sinto que o tempo voa veloz
Há tanto ainda a se fazer
E o tempo é implacável algoz.
Quero retomar o barco dos sonhos
Fazer retinir os toques românticos
Embriagar-me na taça da fé
Revigorar-me na fonte da esperança.
Só que, então, não será igual antes.
Os sonhos serão realizáveis
Serei um romântico razoável
Terei uma fé racional
Assim a esperança será inabalável.