MARCAS DO TEMPO

Aquela magia dos sonhos

Aquele toque romântico

Aquela fé que eu sentia

Aquele vigor d’esperança

Sinto derramarem-se de mim

Deixando enorme vazio

Qual balde d’água entornando

Sinto uma leveza estranha em mim

Toda ilusão em nada vai se tornando.

Meus órgãos são câmeras sensitivas

Minha mente processa gosto, som e odor,

Alterando, a toda hora, o meu humor.

Processa também textura e imagem

Que, às vezes, penso ser miragem.

Minha memória trabalha,

Dia e noite, com dados imponderáveis,

Sem nunca chegar a resultados confiáveis.

Do que digo, não conclua

Meu desgosto ante a vida

Nem me veja pior ou melhor.

Já me deparei com pessoas

Que “a priori” sabem de tudo

São escravas do senso-comum

Com “velhas opiniões formadas sobre tudo”

Revelam-se pela hipocrisia

Pela ingenuidade e pela arrogância.

No mais, nunca senti.

Tanta vontade de viver

Sinto que o tempo voa veloz

Há tanto ainda a se fazer

E o tempo é implacável algoz.

Quero retomar o barco dos sonhos

Fazer retinir os toques românticos

Embriagar-me na taça da fé

Revigorar-me na fonte da esperança.

Só que, então, não será igual antes.

Os sonhos serão realizáveis

Serei um romântico razoável

Terei uma fé racional

Assim a esperança será inabalável.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 25/03/2012
Código do texto: T3574994
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