PÁSSARO DE FOGO

Passeio por uma rua sem calçadas,

Onde não há margens, nem casas, nem alameda.

Os homens são máquinas,

E os brinquedos cospem fogo.

Vejo um jardim sem flores

E pedaços de madeira crescem a todo o momento.

E um rubro rio se fana;

E em seu leito pessoas choram.

Embaixo de uma árvore que não existe mais

Brincam crianças invisíveis.

E no céu, cometas passam sem parar:

Caem estrelas no chão.

Encontro uma senhora chamada ignorância

Que me diz que este lugar se chama sofreguidão,

E que foi uma tal ganância

Que projetou cada linha desse perímetro.

Do lado da desesperança

Vejo outra que me diz o contrário:

Onde há lugar para atrocidades,

Poderia haver encontros de amigos.

Pois, depois de apagado o último brilho,

Todos são iguais em qualquer canto.

É bem melhor caminhar por um tapete de flores,

E conjugar o verbo amar.

Não ser um fraco

Por não querer abraçar o mundo.

Mas ser um forte

Por conseguir abraçar alguém do lado.

Toda riqueza que almejas

Não conseguirá levar contigo.

Mas cada bom gesto

Permanecerá como a própria chama

Que alimenta o pássaro de fogo.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 22/01/2007
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