Mamãe

Foi como num relampejo

Um grande temporal

Que vozes inaudíveis

permearam o meu ser

As vezes a esperança

Em desesperança

Conduzia-me ao leito

de hospital, logo mais

à UTI

Entre tantas conexões

A desconexão da vida

Um sussurro da sua voz

Uma oração!

Como um pássaro ferido

Recuperaste a lucidez

Aos poucos o caminhar

Hoje após quatro anos

Comemoras setenta e seis

primaveras, uma nova quimera

se apresenta. Alimentas os sonhos

Outra vez

Orgulho-me da sua fortaleza

e da benevolência divina

Que te permite viver

Mesmo tendo ficado orfã

Com apenas sete anos

Sobrevivestes ao preconceito

De mãe solteira, foste forte

Sobreviveste ao tétano

E hoje escrevemos uma nova

história

Sinto orgulho quando pego

Em sua mão e te ajudo no trânsito

Seu corpo esguio contrasta com

a sua vitalidade!

Sempre estarei disposta a cuidar

de ti querida mãe!

Com honra e dignidade!