ESPETÁCULO!

Espetáculo!

Fiz de mim o sapato, o gato.

Fiz de mim, o nó e o peso.

A moldura, o retrato

Para lhe vender! Não eu...

Fiz de mim uma verdadeira mentira.

Fiz de mim um herói muito fraco!

A acrobacia, o tropeço

Para me equilibrar! Não, mas...

E vocês? A apatia de graça!

O tomate e os ovos

E eu malabarista, tive que aos saltos

Pular os sapos engolidos para não pisar. Incomodar!

Fiz de mim o alvo das facas

Fiz de mim o domador de leões

E era um por dia que eu quase não aguentei!

Me cuspiram o fogo

De uma Santa Inquisição

E eu feito de água não pude nem respirar!

Fiz de mim o animal amestrado

Fiz de mim o equilibrista

E no trapézio da vida consegui caminhar!

Até que...

E vocês? A apatia de graça!

O tomate e os ovos

E eu malabarista, tive que aos saltos

Pular os sapos engolidos para não pisar. Incomodar!

Já não reconheço o espelho que há em mim.

Já não posso mais ...

Me fazer de Pinóquio, vou brincar de menino.

E que acendam as luzes, respeitável Público!

Debaixo dessa lona

Fiz de mim, o mofo!

O resto e o pouco

Que o fogo, em deboche se recusou a tocar!

Fiz de mim, o mágico louco!

Fiz de mim, o canhão contorcido

Deformado e artista

Para caber nos tiros da plateia maldita!

E vocês? A apatia de graça!

O tomate e os ovos

E eu malabarista, tive que aos saltos

Pular os sapos engolidos para não pisar. Incomodar!

Fiz de mim a ilusão itinerante.

Fiz de mim a lágrima da criança para sentir...

Então vieram os abraços. Plastificados!

Então vieram os risos. Congelados!

Então a luz do sol se turvou num dia curvado!

E vocês? A apatia de graça!

O tomate e os ovos

E eu malabarista, tive que aos saltos

Pular os sapos engolidos para não pisar. Incomodar!

Mas eis que, respeitável público!

Hoje tem Marmelada! E o circo chamuscou!

Hoje tem Goiabada! E o circo chamuscou!

Correram os loucos, sobraram os poucos!

Então fiz dos cacos do espelho ( O meu)

Então... Ah! Então!

Fiz das cinzas e da chama o meu espetáculo!

Então... Ah! Então!

Levantem a lona! (Milagre da vida!)

Comece a se começar.

Levantem de si o que não se caiu

Levantem a alma e recebam os aplausos!

Que a vida é um espetáculo e quero as luzes, as nossas!

Dessas que temos dentro da gente e que são emprestadas.

Você, ah! Você que leu... Me curvo e o aplaudo!

Hoje tem Marmelada? Tem Sim, Sinhô!

Para mim, eu fiz de mim e fiz em mim e para mim, o texto mais lindo que eu já fiz. A coisa só fica pronta depois que espalha. Arte não se cria na hora que se faz. Ela se transforma e ganha vida.

Espero que gostem, respeitável público!

Dhiego Araújo
Enviado por Dhiego Araújo em 03/02/2012
Código do texto: T3478128
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