Norte

Saiba. Me alimento da descrença,

Fortaleço assim a fé.

“Não haverá recompensa”

Também ouviu Noé,

O que falar de Mané?

Nem pontapé... O parou,

Seu aleijado!

Com bola e tudo entrou no gol,

Deixou... O beque sentado,

Teleguiado...

Como mísseis,

Pelo supremo general.

Atinjo os alvos mais difíceis,

Com precisão sem igual.

Abaixo de dez graus...

Não paro como tropa alemã.

Não há mais volta,

Quando menino se solta...

No tobogã,

No afã...

Como Ben Johnson antes do doping.

Tipo uma flecha,

Sem curva que se fecha.

Placa de stop,

À galope...

Sempre em frente, imponente mustangue.

Com passagem só de ida,

Em contrapartida.

Ao itinerário do bumerangue.

Com uma questão me perturbo...

Quem volta pra onde vai?

Pois quando olho pra trás descubro,

Que a cada degrau que subo... O último que pisei, cai.

Saco rendimentos na caderneta de poupança.

Injeto ânimo na veia,

Levo a mala cheia...

De esperança,

Em minhas andanças...

Por aí.

Nessa situação,

Abro mão...

Do meu direito de ir e vir.

Sei que gêneros mudam. Não o disco.

Parece ser em vão,

Soprar brasas de carvão...

Sob o chuvisco,

Me belisco...

Pra não ficar apenas no sonho.

Manga arregaça.

As mãos na massa...

Ponho.

Tenho um norte, não sigo a direção que o nariz aponta.

Estudo o atlas,

Pra não ser mais uma barata.

Tonta,

Monta...

O quebra-cabeça.

Quem dispõe da peça chave.

Outros vão às avessas,

E eu que bebo vinho tinto suave.

Trave...

No olho,

Cadê a reta?

Não cultivo piolhos,

Porem siga a minha meta.