BALADA DA ETERNA ESPERANÇA.
Para o meu amigo Samuel, lembrando que Deus é Senhor dos dias e só a ele compete decidir nosso destino.
Quando me volta a consciência adormecida,
Já não vem com ela aquela gostosa sinestesia
Que me fazia andar braço a braço com a vida
Se apresentando em tudo aquilo que eu fazia.
Estou só como se tudo tivesse se extinguido
E no planeta inútil deste meu eu atemporal
Uma só realidade tivesse então sobrevivido,
− A angústia de viver uma existência artificial.
Quero ler, mas antes mesmo de abrir o livro,
Já o fechei convencido pelo enfado da leitura.
Sou como alguém que enterrou-se ainda vivo,
E por preguiça não fechou a laje da sepultura.
Talvez seja esta mágoa de viver por obrigação
Pois até mesmo o covarde precisa ter coragem
Para executar contra si o ato final da extinção
E embarcar para sua derradeira e fatal viagem.
Eis que assim vou bebendo a taça da amargura
De uma vida que já não tem nenhum sentido.
É sarcástico e paradoxal, mas enquanto ela dura
O direito de recusar o cálice me foi indeferido.
Mas quem sabe no fundo da infernal mixórdia
Em que se transformou afinal esta minha vida,
Deus- o meu juiz- em sua infinita misericórdia,
Após análise cuidadosa da minha folha corrida,
Não tenha, por fim, encontrado algum mérito
Em algo que passou até agora despercebido
E por conta disso tenha me dado algum crédito
Com o qual eu possa ser de novo reconduzido,
Ao cadastro das pessoas adimplentes com a vida
Com direito a ocupar um lugar ao sol na cidade
Dos homens que têm a consciência absolvida,
E conquistaram o seu quinhão de Felicidade?
Por isso, talvez, Ele me mantenha vivo aqui,
Mesmo coberto com estas vis chagas plebéias
A sonhar com tantas coisas que ainda não vivi,
A imaginar que ainda posso ter novas idéias,
Que como lâmpadas acesas num quarto escuro
Me façam ver longe em meio à densa escuridão
E detonem para sempre esse alto e denso muro
Que minha mente me coloca agora por prisão.
Então de novo me armarei como um cavaleiro
E tal Quixote revivido, sairei na vida a buscar
Nova Dulcinéia, e novo Sancho por parceiro,
Nova vida, novos sonhos, novo jogo para jogar,
Porque a fé é o único remédio que nunca falha,
E quem acredita no que busca sempre alcança.
Por isso, eis-me de novo vestido para a batalha
E o meu hino é esta balada da eterna esperança.
BALADA DA ETERNA ESPERANÇA
Para o meu amigo Samuel, lembrando que Deus é Senhor dos dias e só a ele compete decidir nosso destino.
Quando me volta a consciência adormecida,
Já não vem com ela aquela gostosa sinestesia
Que me fazia andar braço a braço com a vida
Se apresentando em tudo aquilo que eu fazia.
Estou só como se tudo tivesse se extinguido
E no planeta inútil deste meu eu atemporal
Uma só realidade tivesse então sobrevivido,
− A angústia de viver uma existência artificial.
Quero ler, mas antes mesmo de abrir o livro,
Já o fechei convencido pelo enfado da leitura.
Sou como alguém que enterrou-se ainda vivo,
E por preguiça não fechou a laje da sepultura.
Talvez seja esta mágoa de viver por obrigação
Pois até mesmo o covarde precisa ter coragem
Para executar contra si o ato final da extinção
E embarcar para sua derradeira e fatal viagem.
Eis que assim vou bebendo a taça da amargura
De uma vida que já não tem nenhum sentido.
É sarcástico e paradoxal, mas enquanto ela dura
O direito de recusar o cálice me foi indeferido.
Mas quem sabe no fundo da infernal mixórdia
Em que se transformou afinal esta minha vida,
Deus- o meu juiz- em sua infinita misericórdia,
Após análise cuidadosa da minha folha corrida,
Não tenha, por fim, encontrado algum mérito
Em algo que passou até agora despercebido
E por conta disso tenha me dado algum crédito
Com o qual eu possa ser de novo reconduzido,
Ao cadastro das pessoas adimplentes com a vida
Com direito a ocupar um lugar ao sol na cidade
Dos homens que têm a consciência absolvida,
E conquistaram o seu quinhão de Felicidade?
Por isso, talvez, Ele me mantenha vivo aqui,
Mesmo coberto com estas vis chagas plebéias
A sonhar com tantas coisas que ainda não vivi,
A imaginar que ainda posso ter novas idéias,
Que como lâmpadas acesas num quarto escuro
Me façam ver longe em meio à densa escuridão
E detonem para sempre esse alto e denso muro
Que minha mente me coloca agora por prisão.
Então de novo me armarei como um cavaleiro
E tal Quixote revivido, sairei na vida a buscar
Nova Dulcinéia, e novo Sancho por parceiro,
Nova vida, novos sonhos, novo jogo para jogar,
Porque a fé é o único remédio que nunca falha,
E quem acredita no que busca sempre alcança.
Por isso, eis-me de novo vestido para a batalha
E o meu hino é esta balada da eterna esperança.
BALADA DA ETERNA ESPERANÇA