Olhai os Lírios do Campo

Olhai os lírios do campo,

Mesmo sem trampo... Como se vestem.

O cuidado do senhor é amplo,

Mas que os panos é o corpo que lhe deste.

Graças a Deus pelo pão, justo sou não mendigo.

E daí? Se for com, Epa!

Xepa...

Na feira de domingo.

Um dia após o outro,

Sigo de modo gradativo.

Melhor que ter onde cair morto,

É ter onde me apoiar enquanto vivo.

Há coisas que não tem preço, não se saca no banco?

Tornarás ao pó como saiu do ventre, nu.

Uns tem sangue azul...

Porem faltam glóbulos brancos.

A saúde não vai de carona.

De que adiantam 16 válvulas? Se em desaceleração,

A do coração...

Já não funciona.

Com que tanto você se preocupa?

Não é preciso que se entupa...

De calmante, antidepressivo.

De teco, tapa, doses duplas,

Singeleza se deturpa...

A base de sedativos.

Olhai os lírios do campo,

Faço de grampo...

Enfeito o cabelo dela.

Meu otimismo contagia igual sarampo,

Vejo estrela, pirilampo...

Quem necessita de vela?

Quando a noite cai.

Primaveras estoco na despensa...

Vivo de forma intensa,

Como se não houvesse um dia a mais.

Bem falou Gonzaga Júnior:

“É bonita, é bonita”

Apesar dos infortúnios...

Nada impede que eu também repita.

Aves, quem as viu plantar, colher...

Estocar no armazém?

Se ainda assim Deus lhes dá de comer... Como não dará a você também?

Pra chegar ao três não pule o dois,

Não ponha os bois...

Na frente da carroça.

Buscai seu reino e justiça e o mais se acrescentará depois,

Pois...

Fora dessa ordem não há quem possa,

Mover uma palha.

É correr atrás do vento,

Tantos tentam e não tomam tento.

Mesmo de cabelos e barba grisalha.

Maldito torcicolo...

Nos comparamos somente com quem tem mais.

Mas, além do nosso nariz há dois pólos,

E vários em condição bem pior lá atrás.

Tem gente que chora de barriga cheia... Chateia...

A Deus, só queixas

Fez o pé de meia,

Mas ouro de tolo não encandeia...

Segundo Raul Seixas.

Por tudo, muito obrigado...

Senhor Jesus.

Tenho pulmões, ar, ainda que não seja condicionado...

Dez mil BTUS.

Como Zeca Pagodinho...

Que do dia mau, goza.

Os corais são de espinho...

Mas mergulho no mar de rosas.

Só quem está vivo sente doer à ferida.

Ainda que a cadeira ou a cama te prenda,

Você tem dádiva muito mais estupenda,

Que é a vida.