QUANDO O SOL SURGIR...

Noite; sobras de domingo,
No olhar do eu poeta,
A cidade é uma ferida aberta,
Onde não distingo,
A sombra do vulto,
A ponte do viaduto,
A cais do porto,
O vivo do morto,
Onde a alma é abrigo,
Da estranha loucura,
Se debate insegura,
Sobre as interrogações,
Grito - permuto,
Ilusões, insatisfações,
Com o próprio ser,
Me sinto um prisioneiro,
Uma espécie de prometeu,
Sucumbido entre o inferno e o céu,
Mas o sussurro do vento,
Me faz crer,
Que isso é passageiro,
Que amanhã, quando o sol surgir,
Soberano no firmamento,
Vai me tirar desta clausura,
Me suster, me envolver,
Com seu transparente brilho,
Vai me chamar de filho,
Me fazer sorrir,
E encher o meu olhar de ternura.