HUMANA FLOR DE CACTO
Há ser humano flor de cacto:
Extrai sua beleza da escassez da vida.
Como a flor de cacto, daquelas do deserto,
Só conhecem fartura quando da raríssima chuva.
Ainda aí, a chuva surge como tempestade, primeiro
Maltratando com ventos, granizos, enchentes, raios,...
Para só depois, aliviar a aridez da vida seca do deserto.
Seca de conforto material, seca dos muitos recursos
Que os “merecedores” contam na luta da sobrevivência:
Amizades de gente influente, conhecimento acumulado
Pelos estudos feitos, fluência comunicativa (por vários fatores),
Rapidíssimos meios de transporte e de comunicação,...
E, como se não bastasse a escassez material, há a sentimental:
Má sorte do amor, carência de afeto amigo, carência de simpatia,...
E, por favor, não me venham os justificadores dizer que isso se conquista,
A humana flor de cacto nasceu escassa em si mesmo de todo recurso.
O que faz maravilhoso tal ser humano é a capacidade de sobrevivência
E, mais que isso, de transformar sua escassez numa beleza única, especial:
Sua honestidade, sua resignação como modo de vida, sua postura digna
Ante as dores e sua alegria como gratidão à vida – que flor de cacto linda!