HUMANA FLOR DE CACTO

Há ser humano flor de cacto:

Extrai sua beleza da escassez da vida.

Como a flor de cacto, daquelas do deserto,

Só conhecem fartura quando da raríssima chuva.

Ainda aí, a chuva surge como tempestade, primeiro

Maltratando com ventos, granizos, enchentes, raios,...

Para só depois, aliviar a aridez da vida seca do deserto.

Seca de conforto material, seca dos muitos recursos

Que os “merecedores” contam na luta da sobrevivência:

Amizades de gente influente, conhecimento acumulado

Pelos estudos feitos, fluência comunicativa (por vários fatores),

Rapidíssimos meios de transporte e de comunicação,...

E, como se não bastasse a escassez material, há a sentimental:

Má sorte do amor, carência de afeto amigo, carência de simpatia,...

E, por favor, não me venham os justificadores dizer que isso se conquista,

A humana flor de cacto nasceu escassa em si mesmo de todo recurso.

O que faz maravilhoso tal ser humano é a capacidade de sobrevivência

E, mais que isso, de transformar sua escassez numa beleza única, especial:

Sua honestidade, sua resignação como modo de vida, sua postura digna

Ante as dores e sua alegria como gratidão à vida – que flor de cacto linda!

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 08/01/2012
Código do texto: T3429273
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