AÍ VEM UM ANO NOVO
Brilha já a primogênita luz da nova esperança:
O primeiro dia do ano beija os olhos com a aurora.
É já um novo ano.
Mas o céu tem ainda a mesma nuance.
As flores cantarolam as mesmas notas perfumadas.
Os pássaros sussurram os tons de antes.
Nuvens brincam além, como sempre,
E, ao escurecer, formam vitrais tenros, ardentes, chumbo.
A lua ainda sopra sobre a noite o alívio da luz,
Nesse lugar em que as estrelas continuam a ser ignoradas.
Sim, sim. É ano novo, já.
E se tudo mantém sua perfeita simetria diária,
É porque sou eu, agora sei, sou eu,
Que devo mudar.