RITUAL DE PASSAGEM

Viela as viu em tripas

Tripas expostas intestinais

Bois abatidos enfileirados

Choros não sentidos

Viela as viu em trapos

Troços em charques

Retalhos de cetim

Purpurinas coaguladas de sangue carmim

Vielas em becos sem fim

Jejuei na passagem

Isolei-me da morte e da paisagem

Nem sei por que sinto a dor

Que humanamente muitos nem sentem

Porque a dor da ganância é humana

O prazer é cego como asas do imaginário popular

Alguns orientais dizem que o animal

Não sente nada ao ser abatido

Que há uma síndrome de transferência

Sentimental meramente humana

Não vejo isso...

Todo mal em si é

Uma pratica que redunda em perda

De forma arquetípica o mal é outra forma de matar...

Jamais de transformar visto que nada se perde

A carne engorda

É gorda a carne mirrada na esperança do equilíbrio

Migra na gordura exposta o óleo do orgulho

Da primazia humana sobre o animal

O abate o fim... É como ser o boi de piranha

O sacrifício ultrapassa a fome

A digestão é magra sempre tem

E haverá outro ritual de transformação

Sou contra o uso da carne

Mais Deus disse não matarás e fez os não humanos

Como ele é perfeito morremos por nós mesmos...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 29/12/2011
Código do texto: T3411623
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