RITUAL DE PASSAGEM
Viela as viu em tripas
Tripas expostas intestinais
Bois abatidos enfileirados
Choros não sentidos
Viela as viu em trapos
Troços em charques
Retalhos de cetim
Purpurinas coaguladas de sangue carmim
Vielas em becos sem fim
Jejuei na passagem
Isolei-me da morte e da paisagem
Nem sei por que sinto a dor
Que humanamente muitos nem sentem
Porque a dor da ganância é humana
O prazer é cego como asas do imaginário popular
Alguns orientais dizem que o animal
Não sente nada ao ser abatido
Que há uma síndrome de transferência
Sentimental meramente humana
Não vejo isso...
Todo mal em si é
Uma pratica que redunda em perda
De forma arquetípica o mal é outra forma de matar...
Jamais de transformar visto que nada se perde
A carne engorda
É gorda a carne mirrada na esperança do equilíbrio
Migra na gordura exposta o óleo do orgulho
Da primazia humana sobre o animal
O abate o fim... É como ser o boi de piranha
O sacrifício ultrapassa a fome
A digestão é magra sempre tem
E haverá outro ritual de transformação
Sou contra o uso da carne
Mais Deus disse não matarás e fez os não humanos
Como ele é perfeito morremos por nós mesmos...