Sem pressa na vida
Vou andando
pelos prados sem rumo
não importa se sumo
nas veredas vagando
Paro em cada esquina
e sigo minha sina
Já tive pressa de chegar
já andei afobada
até me senti privada
da liberdade de parar
Cheguei a chorar cansada
por não vencer a estrada
Vi o engarrafamento
a bolsa de valores subir
entre quatro paredes perdi
da vida o deslumbramento
Não vi meu filho crescer
apenas o vi nascer
Não abri teu presente
não fui contigo dançar
nem deu tempo de te abraçar
deixei teu pedido pendente
Meu olho estava na pista
para não perder a corrida
Na ânsia do entorno
quantas pedras pisei
mãos e pés machuquei
sem pensar no retorno
Corri em disparada
como aves em revoada
Minh´alma reclamou
reivindicando sossego
desejando aconchego
dei-lhe colo com amor
Com passos bem devagar
resolvi caminhar
O sol vejo nascer
as flores desabrochar
o orvalho, a relva molhar
o gramado crescer
a rosa nascer no parque
a natureza em milagre
Em passos lentos contemplo
o encontro do sol com a lua
o brilho das estrelas na rua
dando ao mundo um exemplo
Basta uma luz refulgir
para a vida reluzir
Este é o troféu que ganhei
na faixa de chegada
numa etapa da caminhada
Na estrada continuarei
levada por um vento brando
sem pressa seguirei andando