Morreram

Muitos dos que me lembro morreram

morreram aqueles artistas da televisão

que na minha infância eram tão diferentes

aquele chefe

morreram meus avós, meu pais

agora sou eu que me aproximo daquela hora

inevitável, indesejável,

que há tempos habita minhas reflexões

envelheço como um cemitério que passa despercebido

na cidade

fúnebre ponto de referencia

como será e em que momento

isso não cabe a mim calcular

mas que a crença num mundo

como daquela religião qualquer

nos conforta a alma que se nos foge

pensamos então não sermos só um corpo

não apenas intelecto

Somos desejos e alma

isso é imortal

pois que a eternidade sem vontade

nada além de um prezépio sádico

a vida é tudo menos isto

e a vida é tudo menos finita

Bandeirante do Universo
Enviado por Bandeirante do Universo em 15/12/2011
Reeditado em 25/12/2011
Código do texto: T3390108