A fé d'um José qualquer(02/05/06)
Minha mão tremula
E meu peito bate
E lá longe um pobre
Cão ao ver-me late.
Minha perna nobre
Abre-lhe a vã gula...
De nada adianta
Pois meus pés são fortes
E meu passo largo.
Fujo, eu, das mortes
E a vida eu a largo,
Pois a pressa é tanta...
Este é o cão do inferno
Que dorme no chão
Ao lado d'um rombo
Chamado Portão.
eu tropeço e tombo
E sujo o meu terno.
Não ouço ruído
Nem sinal do cão...
Mas seu faro é forte
e minha fé não
D'us, eu temo a morte.
Estou dolorido...
Vou cambaleando
Desesperançado
Puto e amedrontado
Por um cão, caçado.
Ai de mim! Coitado...
Ele está chegando.
Eu estou perdido,
Fatalmente só
com o cão mortal.
D'us, tenha-me dó,
Livra-me do mal.
Ouça o meu pedido.
Mas D'us se calou.
E o meu corpo estático
Viu a face nua
De temor profético
Vindo-me da rua
Quando o cão me olhou.
Aceitei meu fim
Descrente que a vida
Tinha-me um sentido.
Mas a lua pálida
Havia surgido
Encima de mim.
E dela desceram
Dois seres de luz
De armas em punho.
Clamei a Jesus
E dou testemunho,
Eles me salvaram!
O cão os temeu,
Ao retroceder,
Foi-se temeroso.
Fui-lhes bem-dizer
Com alívio e goso
Pelo o que ocorreu.
Disseram-me assim:
"Tu es mais um descrente,
"Fraco e tolo ser.
"Não sendo ciente
"Que tu tens poder.
"Tens-lo igual a mim."
E o outro falou:
"Vai e crêde em Cristo,
"Busques o poder.
"P'ra que eviteis isto
"Só te cabe obter
"O que te faltou."
Chamo-me José,
Hoje eu sou mais forte
E mais poderoso.
Não temo a morte e
Sou mais amoroso
Pois achei a fé.